terça-feira, 9 de outubro de 2007
Racismo Policial em Membro da CUFA

DESABAFO

Sinop, sexta-feira, dia 05 de outubro de 2007

Eu Jilcimar, me dirigi no dia 05/10/2007, exatamente as 15:45 horas,
até a Praça União, onde ministro aulas de Break, através de um projeto
social da CUFA ? Central Única das Favelas, com apoio da Associação de
Moradores do Residencial Jequitibás.

Após 5 minutos que eu estava na Praça, chegaram alguns policiais,
abordaram eu e mais 02 (dois) amigos que lá estavam comigo, fizeram
revista e solicitaram nossos documentos, eu que na ocasião tinha
deixado os meus em casa, respondi que morava perto e que os documentos
estavam em casa.

O policial, se mostrando alterado, nervoso, nos disse que estávamos
detidos por estar sem documentos e que o local era suposto ponto de
tráfico de drogas, fui tentar um dialogo, dizendo que estudava e que
neste dia em questão tinha uma prova importante, que naquele espaço
tinha projetos sociais, pra resgatar o ambiente e disse ainda que ali
tinha pessoas de bem.

Ironicamente ele falou que não queria saber de porra nenhuma, que eu
iria preso mesmo, e assim nos encaminho a viatura, e dirigimos para
companhia do posto policial do Jardim Boa Esperança, nos tiraram da
viatura, registraram o boletim de ocorrência, e nos encaminharam para
uma sala, passados 15 minutos, veio o policial, falando e batendo no
meu amigo, eram constantes os socos que ele dava no peito do meu
amigo, cheguei a ter a sensação que por ter tentado ter um dialogo com
eles, eles não iriam bater em mim, mas foi só ilusão.

O policial me perguntou, sobre o que eu estava fazendo num lugar
daquele, que no caso é a Praça União, ai repetir novamente que lá
ministro aulas de dança pra gurizadinha, que sou membro da CUFA, e que
nossos objetivos era o de resgatar a gurizada também, proporcionando
alternativas e atividades a eles, para que eles não entrem no vicio,
crime e outros atos ilícitos, fortalecendo assim toda comunidade.

Ai o policial afirmou que ali não freqüentavam pessoas de bem, que
todos são vagabundo e ainda me perguntou, ?Sua mãe vai num lugar
daquele??.

Fui verídico e falei que sim, que ela freqüentava sim, até por
acreditar no trabalho que desenvolvo, e creio que ele entendeu como
provocação, ou sei lá o que aconteceu, mas foi só eu responder e
começou a tortura sobre mim, ele me espancou muito, parecia que tinha
raiva de mim, ele me bateu muito e por muito tempo, só parou quando
viu que eu estava muito mal, que os hematomas tomavam meu corpo,
posteriormente a isso eles nos encaminharam novamente ao camburão e
nos deixaram lá dentro da mesma, amontoados um sobre o outro, num sol
de mais ou menos 40º, por mais ou menos 01 (uma) hora, eu todo
machucado, estava fraco e comecei a passar mal, eles então entraram na
viatura e iria nos levar, creio que para Praça, quando 01 (um ) dos
policiais falou, ?vamos levar o menino para o hospital?, o outro
respondeu, porra nenhuma, vamos levar eles pra dormir no corrózinho da
policia civil logo.

Chegando na Civil, nos entregaram aos policiais civis, onde o
tratamento mudou do joio pro trigo, nos trataram com respeito, mas nos
liberaram para ir pra casa somente no outro dia às 09:00 horas da
manhã, mas ao menos houve dialogo, o policial afirmou que não poderiam
ter nos prendido, que no caso o melhor a ter sido feito era nos mandar
para casa buscar os documentos, até porque eram 16:00 horas a hora em
que nos prenderam, e afirmou ainda que se eu não buscasse os meus
direitos, eu estaria sendo omisso e burro.

Como não deixaram eu contactar minha Mãe, quando cheguei no Jardim
Jequitibás, ela estava desesperada e ficou transtornada com o meu
estado, todo marcado dos chutes e murros que levei, a comunidade toda
ficou transtornada, e agora eu com ajuda da minha Mãe, da minha
namorada Nayara, do meu parceiro Anderson e do Sr. Helmir da
Associação, estamos buscando meus direitos, e justiça para nossa
cidadania.

E aqui estou, protestando e mais do que isso desabafando minha mágoa e
revolta com este sistema de segurança pública, que não da certo em
lugar nenhum!!!!


Jilcimar Tavares
Estudante, Pedreiro e Instrutor de Break da CUFA

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